Li nos finais de Abril de 2018, a biografia de Jeff Bezos: The Everything Store: Jeff Bezos e a Age of Amazon. No livro, fora a jornada de Bezos, uma parte chamou a minha atenção. Esta parte estava logo no prólogo. Brad Stone, o autor do livro, descreve sua primeira conversa em 2011 com Bezos sobre querer escrever um livro sobre a ascensão da Amazon.
“No final da hora que passamos discutindo o livro, Bezos se apoiou nos cotovelos e perguntou: “Como você planeja lidar com a falácia narrativa?”
Ah sim, claro, a falácia narrativa. A falácia narrativa, Bezos explicou, foi um termo cunhado por Nassim Nicholas Taleb em seu livro de 2007, The Black Swan, para descrever como os seres humanos são biologicamente inclinados a transformar realidades complexas em histórias calmas, mas simplistas demais.
Taleb argumentou que as limitações do cérebro humano resultaram na tendência de nossa espécie de espremer fatos e eventos não relacionados em equações de causa e efeito e depois convertê-los em narrativas facilmente compreensíveis. Essas histórias, Taleb escreveu, protegem a humanidade da verdadeira aleatoriedade do mundo, o caos da experiência humana e, até certo ponto, o elemento enervante da sorte que desempenha todos os sucessos e fracassos.
Bezos estava sugerindo que a ascensão da Amazon poderia ser um tipo de história incrivelmente complexa. Não havia uma explicação fácil para como certos produtos foram inventados, como a Amazon Web Services, seu negócio de nuvem pioneiro que tantas outras empresas de Internet agora usam para executar suas operações. “Quando uma empresa surge com uma ideia, é um processo confuso. Não há momento aha!”. Reduzir a história da Amazon para uma narrativa simples, ele se preocupou, poderia dar a impressão de clareza em vez da real.
Nos dias de hoje, o empreendedorismo e o empreendedor tem tido muita atenção dos média. O lideres das empresas de tecnologias acabaram de certa forma tornando-se em ícones da inovação. Estes mesmos lideres tem aos poucos ocupados lugares antes pertencentes aos artistas para as áreas de entretenimento.
Agora entretenimento não é só música. Entretenimento também é conteúdo sobre empresas, conteúdo sobre negócios. Desta forma, este mesmos empreendedores são “forçados” a apresentar discursos sobre o seu trajecto pessoal e sobre as suas realizações profissionais. Acabando assim, na sua maioria, mesmo contra a sua vontade caindo na dita falácia narrativa. Atribuindo lógica a factos aleatórios. O perigo desta acção está com quem a ouve. Que acaba assumindo que certos acontecimentos são previsíveis e replicáveis.
É importante, para nós plateia, termos a capacidade de questionar certos “factos”. A aprendermos que nenhuma verdade é verdade a 100%. Assim, saberemos todos fazer gestão de expectativas quando decidirmos envergar pelos mesmos caminhos que os nosso ídolos.
Take-Aways
Biografias de líderes de tecnologias são leitura obrigatória para qualquer um que deseja aprender um pouco mais sobre a história de empresas de tecnologias no ocidente.